"Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda."João 15,16

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sexta-feira, 7 de março de 2014

Um povo a caminho

Lição 14

Em nosso panorama bíblico é bom trazer alguns elementos de espiritualidade. Então, a partir de reflexões e meditações do monge Anselm Grün, vamos mergulhar em alguns aspectos do mistério das Escrituras. Os livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio nos contam a saga do povo de Israel durante quarenta anos de caminhada. Começando, Israel passou com pleno êxito pelo Mar Vermelho. Mas em vez de se alegrar com a proteção de Deus, o povo começou a reclamar, tão logo encontrasse alguma dificuldade, sofresse um pouco de fome ou de sede. Deus precisava sempre fazer um milagre para aplacar a sede do povo ou alimentá-lo (parece até os dias de hoje).

Os milagres não podem ser uma atitude de um “deus” que está a nosso serviço, mas sim imagens de transformação em nosso caminho rumo a liberdade. Deus manda o pão do céu, o miraculoso maná, que o povo não deve conservar para o dia seguinte, mas que deve ser recolhido a cada dia. Deus cuida de nós todo dia, para que abandonemos os cuidados medrosos em torno de nós. Aquilo que ficou duro em nós torna-se uma fonte de vida quando Deus toca a pedra com seu cajado.

No Monte Sinai, o povo recebe os Dez Mandamentos (Ex 20,1-21) da mão de Deus. Os Mandamentos não são um peso opressor, mas um benefício para o povo. O decálogo deve lembrar sempre de novo ao povo que Deus o tirou da terra da escravidão do Egito. Os Mandamentos são caminhos para a liberdade, realização da liberdade que Deus deu ao povo. Deus se liga ao povo. O povo deve observar os Mandamentos como sinal da sua ligação com Deus.

Mas logo o povo cai na idolatria. Prefere adorar um bezerro de ouro, a imagem simbólica do sucesso próprio. Não quer construir sobre Deus, mas sobre a força própria. Moisés, que está entre Deus e o povo teimoso, têm de intermediar. Depois que quebrou as pedras da lei, Deus lhe dá novas. E Deus renova sua aliança. Ele é fiel, enquanto o povo cai sempre de novo na infidelidade.

Em Nm 22, conta-se uma história curiosa. O adivinho Balaão foi convidado pelo Rei Balac para amaldiçoar Israel. Balaão pôs-se a caminho contra a vontade de Deus. Mas o anjo do Senhor colocou-se em seu caminho. O adivinho não o viu, mas a mula o reconheceu a parou diante dele. Os anjos podem interpor-se no nosso caminho, quando este conduz ao erro, quando é muito íngreme para nós. A mula é uma imagem do nosso corpo, que reconhece antes de nossa inteligência de que o anjo nos alerta para o fato de nos estarmos desviando de nosso destino.

O livro de Deuteronômio é o discurso de despedida de Moisés. Um autor posterior colocou estas palavras na boca de Moisés. Moisés perpassa novamente toda a história da libertação e exorta o povo a observar os Mandamentos de Deus. No cap. 5, Moisés enumerou os Dez Mandamentos que Deus deu ao povo, por seu intermédio, no Monte Horeb. O povo deveria observar os Mandamentos “para que vivais e sejais felizes por longos anos na terra que ides possuir”(Dt 5,33). O objetivo dos Mandamentos é, portanto, ter vida. Quem se orienta pelas normas de Deus vive bem, corretamente, adequadamente, como corresponde à natureza. O cerne de todas as normas é: amar a Deus de todo o coração e de toda a alma (Dt 10,12).

Para Moisés, fazia parte da vida com Deus deixar a terra em repouso a cada sete anos e festejar as grandes festas anuais, para lembrar-se dos benefícios de Deus na história e na criação e alegrar-se com gratidão por isso. As festas vêm marcadas de alegria e liberdade. Antes de sua morte, Moisés nomeou Josué seu sucessor. E então canta um grande hino de louvor por tudo o que Deus fez a ele e a seu povo.

Queridos amigos do curso e do blog, eis uma pequena síntese dos livros da Torá, menos o Gênesis, acontecimentos que marcam a presença e o cuidado de Deus. São balizas espirituais, necessárias para a composição da espinha dorsal bíblica. Um forte abraço.

Encontramo-nos da Eucaristia e na oração.
Org. sem. Alex Sandro Serafim.

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