Só existe um Deus, mas n'Ele há três Pessoas divinas distintas:
Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois este é
absoluto. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro, e
Deus não pode ser menor que outro, pois não seria Deus.
A Trindade é Una. “Não professamos três deuses, mas um só Deus em
três Pessoas: “A Trindade consubstancial” (II Conc. Constantinopla, DS
421). “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o
Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por
natureza” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é
esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina”
(IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).
A Profissão de Fé do Papa Dâmaso diz: “Deus é único, mas não
solitário” (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não
são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são
realmente distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele
que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o
Filho” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por
suas relações de origem: “É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o
Espírito Santo que procede” (IV Conc. Latrão, e, 1215, DS 804).
A Igreja ensina que as Pessoas divinas são relativas umas às
outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das Pessoas
entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras:
“Nos nomes relativos das Pessoas, o Pai é referido ao Filho, o
Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três
Pessoas, considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou
substância” (XI Conc. Toledo, DS 675). “Tudo é uno [n'Eles] lá onde não
se encontra a oposição de relação” (Conc. Florença, em 1442, DS 1330).
“Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro
no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no
Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no
Filho” (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).
Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno (330-379), “o Teólogo”, explicava:
“Antes de todas as coisas, conservai-me este bem depósito, pelo
qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos
os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no
Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que
daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou
como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e
Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de maneira
distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau
superior que eleve ou grau inferior que rebaixe [...]. A infinita
conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é
Deus todo inteiro [...]. Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a
pensar na Unidade, e a Trindade me banha em Seu esplendor. Nem comecei
a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (Or. 40,41).
O primeiro Catecismo, chamado "Didaqué", do ano 90 dizia:
"No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não houver água corrente,
batizai em outra água; se não puder batizar em água fria, façais com
água quente. Na falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a
cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Didaqué 7,1-3).
São Clemente de Roma, Papa no ano 96, ensinava: "Um Deus, um
Cristo, um Espírito de graça" (Carta aos Coríntios 46,6). "Como Deus
vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo" (Carta aos Coríntios
58,2).
Santo Inácio, bispo de Antioquia (†107), mártir em Roma,
afirmava: "Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo
guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como
corda" (Carta aos Efésios 9,1).
"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos
Apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito,
na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim,
unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada
pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao
bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na
carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao
Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual" (Carta
aos Magnésios 13,1-2).
São Justino, mártir no ano 151, escreveu essas palavras ao
imperador romano Antonino Pio: "Os que são batizados por nós são levados
para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o
fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus
Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito
foi-nos entregue pelos apóstolos" (I Apologia 61).
São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de S. João
evangelista, mártir no ano 156, declarou: "Eu te louvo, Deus da Verdade,
te bendigo, te glorifico por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e
Sumo Sacerdote no céu; por Ele, com Ele e o Espírito Santo, glória seja
dada a ti, agora e nos séculos futuros! Amém" (Martírio de Policarpo
14,1-3).
Teófilo de Antioquia, ano 181, confirmou: "Igualmente os três
dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de
Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]"
(Segundo Livro a Autólico 15,3).
S. Irineu de Lião, ano 189, afirmou: "Com efeito, a Igreja
espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos
apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o
céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo,
Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que,
pelos profetas, anunciou a economia de Deus [...]" (Contra as Heresias
I,10,1).
"Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com
o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto d'Ele
antes de toda a criação" (Contra as Heresias IV,20,4).
Tertuliano, escritor romano cristão, no ano 210: "Foi
estabelecida a lei de batizar e prescrita a fórmula: 'Ide, ensinai os
povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'" (Do
Batismo 13).
E o Concílio de Nicéia, ano 325, confirmou toda essa verdade:
"Cremos [...] em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus,
nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de
Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito,
consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na
terra. [...] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que
procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual
falou pelos Profetas" (Credo de Nicéia).
Felipe Aquino
Nenhum comentário:
Postar um comentário