"Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda."João 15,16

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Símbolos bíblicos do Espírito Santo



Os símbolos bíblicos do Espírito Santo são a água, o fogo, o vento, o óleo e a pomba. 
O “Espírito de Iahvé” é no Antigo Testamento a actividade de Deus, a Sua acção na história sempre 
eficaz e, ao mesmo tempo, sempre discreta. Por isso são precisos símbolos para a exprimir… 
A  água é símbolo em todas as culturas antigas de purificação, renascimento, fecundidade… A 
Criação está marcada por este símbolo, já que “o Espírito sobrevoava as águas” (Gen 1, 2). E no tempo de 
Noé, é pela água que Iahvé actua a recriação da Humanidade que entretanto se tinha corrompido (Gen 7, 
17). João Baptista era com o baptismo na água do Jordão que preparava o Resto Fiel para a chegada do 
Messias. E ainda hoje os discípulos deste Messias utilizam a água para celebrar o Baptismo. 
O  fogo  é símbolo de todo o mistério, o maravilhoso intocável, o que assume e transforma em si 
próprio tudo o que toca. No deserto, o povo era iluminado por uma coluna de fogo durante a noite (Ex 13, 
21), e o novo povo de Deus é também conduzido pelo fogo do Espírito Santo que abrasa e ilumina a partir 
da experiência de Pentecostes (Act 2, 3). 
O vento é o que actua sem ser visto, está presente sem se conseguir agarrar, “sopra onde quer, 
ninguém sabe de onde vem nem para onde vai, mas todos escutam a sua voz” (Jo 3, 8). O profeta Elias, 
escondido com medo da rainha Jezabel, é na brisa suave do vento que percebe a presença de Iahvé (1Rs 
19, 13). O profeta Ezequiel descreve a visão de um campo de ossos ressequidos aos quais Deus envia uma 
brisa suave, um vento que os percorre e revigora trazendo-os à vida (Ez 37, 1-10). “Espírito” em hebraico 
diz-se “Ruah”, que significa mesmo “vento”, “aragem”. E tem também o significado de “hálito” ou “alento” de 
vida. O Ruah Iahvé – Espírito de Deus – é o Hálito que sai da boca de Deus como alento de Vida: “Deus 
insuflou no barro amassado o seu Ruah – hálito, alento, respiração – e o Homem tornou-se um Vivente! (Gn 
2, 7) 
Também Jesus Ressuscitado “soprou sobre os Apóstolos, dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo!” 
(Jo 20, 22). Sim, o Espírito Santo é o Alento de Vida de Jesus Ressuscitado. 
O  óleo é símbolo do vigor, da força, da cura e da  eleição. Na Grécia antiga, por exemplo, os 
participantes nos jogos olímpicos untavam-se com óleo – azeite virgem – para tonificar os músculos, dar 
vigor e beleza ao seu corpo. Esse mesmo óleo era utilizado por todos os povos da antiguidade para curar 
feridas abertas, pelas suas propriedades cicatrizantes. Além disso, a unção com óleo sobre a cabeça era o 
símbolo privilegiado da eleição divina de alguém: “Samuel pegou no corno cheio de óleo e ungiu David. A 
partir desse momento, o Espírito de Deus apoderou-se dele” (1Sam 16, 13). Ainda hoje usamos a unção 
com óleo como símbolo desta consagração ao Espírito Santo nos sacramentos do Baptismo, Confirmação, 
Ordem e Unção dos Doentes. Os nomes “Messias” e “Cristo” que significam em hebraico e grego “Ungido”, 
têm por base esta simbologia bíblica da unção-eleição de alguém por parte de Deus para realizar o Seu 
Projecto. 

A  pomba é o símbolo da leveza, da agilidade e das boas notícias. “No princípio, o Espírito 
sobrevoava as águas” (Gen 1, 2), e será uma pomba a dar a Noé a Boa Notícia da Recriação (Gen 8, 8-12). 
No baptismo de Jesus, “o Espírito Santo desceu  na forma de uma pomba sobre ele”, símbolo da unção 
messiânica confirmada por Deus, de quem se ouve a voz: “Tu és o meu filho muito amado; em ti ponho todo 
o Meu agrado” (Lc 3, 22). 
Os símbolos servem para dizer o “importante não evidente”. No entanto, o Espírito Santo não é uma 
“coisa”, mas uma Pessoa. 
Por ser Amor, Deus não é uma existência estática e imutável, mas Vida em permanente emergência 
e dinamismo criador. Para falar de Deus, a bíblia não nos dá definições ou provas teóricas da Sua 
existência, mas conta uma história: a história de Deus connosco. Sim, um Deus comprometido com a 
história dos Homens, por Amor! Eis a grande descoberta do povo hebreu, que lhe abriu o caminho da 
Revelação como fonte de Aliança e Promessas da parte de Deus. 
Este povo fez uma experiência de libertação da tirania egípcia e uma travessia do deserto que o 
encaminhou para a conquista da Palestina, desejada e amada como a “Terra Prometida”! Lendo à luz da Fé 
esta experiência de libertação e caminho, começam  a perceber Iahvé como Senhor da história desde 
sempre. “Andando para trás”, vão chegar mesmo ao princípio da história e começam a chamar a Iahvé não 
só o Deus Libertador dos Egípcios, mas o Deus Criador de todas as coisas. A partir daqui, toda a história 
pode ser lida à luz da Vontade e da Bondade de Deus, aquela Vontade que dizia “Faça-se!”, e tudo se fazia, 
e aquela Bondade que olhava para tudo o que acabara de fazer e exclamava: “Tudo é muito bom!” (Gen 1) 
Hoje, à luz a Revelação do Projecto de Deus em Jesus Cristo, percebemos com um horizonte 
admiravelmente novo o que a Fé hebraica apontava e intuía nos relatos da Criação. O ser humano foi 
criado no dia 6 (Gen 1, 26-31), enquanto que o dia 7 é o dia de Deus (Gen 2, 1-2). 7 é o número bíblico que 
simboliza a Plenitude. 6 é, por isso, o “quase plenitude”, o que está chamado a ser 7! Deus criou o Homem 
criador de si próprio! É isso que significa o “descanso” de Deus no dia 7. Não porque Deus estivesse 
cansado, mas para dar lugar ao Homem de fazer a sua própria história e construção. Para ser pessoa, o 
Homem tem que ser livre, responsável e construtor de si próprio em opções e atitudes marcadas pelo amor. 
Deus está por nós, mas não está em nosso lugar! 
Segundo a bíblia, Deus teve um sonho, e esse sonho chama-se “Homem”.  O Homem em 
construção é o mais apaixonado e comprometido Projecto de Deus. A realização máxima deste Projecto, o 
Sonho de Deus, é que o 6 chegasse a ser 7. Por isso o Homem foi “criado à imagem e semelhança” de 
Deus (Gen 1, 26-27), isto é, talhado a construir-se na realização dos apelos ao amor e da comunhão 
pessoal. A Divindade é Pessoas, e a Humanidade também! É na realidade pessoal que radica a “imagem e 
semelhança” de Deus no ser humano. A Divindade é em Plenitude o que a Humanidade é em construção. 
Este era o Sonho de Deus desde o princípio. Assumir na Sua Família toda a Humanidade como 
filhos de Deus-Pai e irmãos de Deus-Filho na unidade universal eterna de Deus-Espírito Santo. 
E porque Deus é Amor, Deus realiza o que sonha. 

Um comentário:

Reinaldo Fonseca disse...

Olá Paty! Muito bom o material que vc disponibilizou aos seus leitores, uma verdadeira formação. Parabéns.
Tenha uma semana abençoada, na Paz e no Amor de Cristo,

Reinaldo Fonseca